domingo, 1 de novembro de 2015

Pra mim chega! Não sou mais evangélico!


Relaxa! Antes de fazer juízo precipitado de minha declaração, leia com atenção a argumentação que faço, para justificar tal afirmação.

Antigamente nomes e marcas eram sinônimo de respeito, confiança e qualidade. Lembro-me quando acompanhava minha mãe no armazém, se ela queria refrigerante era "coca-cola", se ela pensasse em leite condensado, logo vinha em mente o "leite moça", detergente em pó estava logo ali o "omo".

Claro que havia outras marcas, mas uma marca diferente junto trazia desconfiança, toda uma receita por exemplo, para minha mãe que era comprometida com uma marca inferior a qual ela gostava, o sabão não rendia a mesma quantidade que o "omo", o refrigerante não era tão saboroso quanto a "coca-cola". Como eu disse, a confiabilidade nesses produtos era muito grande, não só pela minha mãe mas por milhões de lares na década de 80.

Interessante que nessa década tivemos um dos maiores períodos de hiper-inflação, recessão, crises política (transição da ditadura para a democracia), a vida não era fácil. Mas ali estavam as marcas famosas, depois com o passar dos anos vieram concorrentes mais competitivos e até, em alguns casos, ultrapassaram em qualidade alguns produtos famosos.

Na minha adolescência, quando meus pais se converteram, e todos lá em casa se tornaram servos de Deus, e naquela época já era muito comum sermos chamados de "crentes". Este nome crente era instantaneamente associado a uma pessoa que pertencia a uma denominação cristã. “Protestantes, Quebra-Santos, Crentes, Bíblias, Adeptos do livro da capa preta, sapatinho de fogo, reteté," entre outros, variando de acordo com a região de nosso país.

O nome crente inclusive começou a ser repreendido por alguns pastores e denominações que diziam "crente até o diabo é", e daí veio o termo "evangélico", que demorou pra emplacar pela maioria dos ditos "crentes", essa até então nova maneira de identificação.

Atualmente ser evangélico é não ser católico, e utilizar a bíblia. Com essa metamorfose que ocorreu nas igrejas, das mais tradicionais até as mais liberais, diversos movimentos heréticos se passaram e estão até hoje, como por exemplo o "cai-cai", "a dança no culto", "o aceitar Jesus", "teologia da prosperidade", música "gospel", "ministério pastoral feminino", "unção do riso", entre outras aberrações.

Pastores que até então era vistos como pessoas sérias, de conduta irrepreensível, apostataram da fé, e a coleção de escândalos nem dá pra colocar aqui neste singelo texto, mas vou citar algumas: escândalos sexuais (adultério, pedofilia, homossexualismo), ovação de divisas (envio de dinheiro a paraísos fiscais), pastores presos em alfândegas com dinheiro escondido em bíblias, envolvimento com o crime, etc.

Ser Evangélico nos dias de hoje é de certa forma ter status, pois os constantes apelos por "aceitar Jesus" e a "teologia da prosperidade", trouxeram uma visão distorcida do Evangelho, um Evangelho sem mudança de vida, sem regeneração, sem novo nascimento. Não que Deus exige mudança estereotipas, não é isso, mas os frutos do Espírito Santo (Gálatas 5:22) nesse formato de 'igreja' é algo desnecessário.

Mas enfim, a marca evangélico, o crente, deteriorou-se por completo, hoje não corresponde mais ao conteúdo do rótulo: É uma farsa! Seria a mesma coisa, que a fabricante do “Leite Moça”, colocar um outro produto de péssima qualidade na sua embalagem tradicional, fraudando os consumidores, que julgariam estar comprando a marca famosa. O mundo está comprando a marca “Evangélico” sem saber que o conteúdo é produto de péssima qualidade. Crentes, eram antes, sinônimo de homem de Deus, que remetia a grandes exemplos de fé, como o Apóstolo Paulo, Lutero, Calvino, entre outros, mas banalizou e hoje as referências evangélicas em nosso tempo/país são: Edir Macedo, Valdomiro Santiago, R.R. Soares, Silas Malafaia, Agenor Duque... Estes homens são ouvidos como grandes profetas, grandes homens de Deus, e na verdade são hoje além de hereges (por propagarem ensinamentos divergentes com o Evangelho), milionários, arrogantes, prepotentes, cheios de si mesmo e arrastam grandes templos e multidões.

Suas pregações deturpadas da palavra não são questionadas por aquelas que estão em frenesi por dinheiro, curas, e respostas anti-cristã (já vi mulheres que fazem campanhas para tomar o marido da outra).

Mas todo esse cenário, por mais tenebroso que seja, já nos foi alertado por Jesus e seu ápice já foi anunciado:

"Nem todo aquele que diz a mim: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no Reino dos céus, mas somente o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos dirão a mim naquele dia: ‘Senhor, Senhor!

Não temos nós profetizado em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não realizamos muitos milagres?’ Então lhes declararei: Nunca os conheci. Afastai-vos da minha presença, vós que praticais o mal." (Mateus 7:21-23 King James)

Então amados, não quero mais ser chamado de evangélico! Não quero ser confundido com aqueles que tornaram esse nome um símbolo de vergonha e desserviço ao evangelho. Daqui para frente, me chamem de cristão, pois apensar de ser pecador, não faço parte deste “mercado da fé” em que se transformou o meio evangélico. Não sou melhor do que ninguém, mas também não posso me amoldar à fôrma que o meio evangélico está querendo impor aos evangélicos de uma forma em geral e muitos estão aceitando passivamente.

Quero ser visto, quero viver, quero ser lembrado como cristão, assim como em Antioquia, onde os discípulos de Jesus foram chamados de cristãos pela primeira vez, não por causa de rótulos doutrinários, mas por sua grande semelhança com seu Mestre, desde o falar até o agir.

Não! Não sou mais evangélico! Sou Cristão!

0 comentários:

Postar um comentário